Sede
(51) 3710-1313
A madrugada da segunda-feira, dia 18 de julho, ficou marcada pelo início da greve dos trabalhadores da Companhia Minuano. Com frio de 4 graus, os funcionários que chegavam para o primeiro turno decidiram iniciar uma greve que teria a adesão de mais de 90% dos trabalhadores e duraria cinco dias, até a tarde da sexta-feira, dia 22.
Com apoio do Sindicato da Alimentação de Lajeado, da CUT, da Contac, da Federação da Alimentação e de Sindicatos da Alimentação de diversas cidades do Estado, o movimento ganhou força, pressionou e conquistou muito mais que os minguados 5,75% de reajuste oferecidos pela empresa.
Muitas foram as estratégias usadas pela empresa para intimidar os grevistas, mas ninguém arredou pé. E a vitória foi dos trabalhadores!
Primeiro dia, segunda-feira
Os trabalhadores da Companhia Minuano deflagraram greve na madrugada de segunda-feira (18). A categoria reivindicava reajuste de salário com percentual mínimo igual a inflação no período – 9,83%. Conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Avícolas e Alimentação em Geral de Lajeado e Região (Stial), Adão Gossmann, a empresa ofereceu reajuste de 5,75%, “bem abaixo da inflação”. E ainda cancelou a rodada de negociação prevista para sexta-feira, dia 15 de julho. “A data-base da categoria é 1º de maio, estamos há 15 meses sem reajuste e querem nos dar esta migalha”, destacou Gossmann.
O movimento grevista começou na entrada do primeiro turno, às 3h. Até as 6h, quando todos os funcionários chegaram, o grupo permaneceu mobilizado em frente à fábrica. Para intimidar os grevistas, por volta das 4h, a empresa chamou a Brigada Militar, alegando que os manifestantes estavam impedindo a entrada dos funcionários. O presidente do Stial, conversou com os brigadianos, explicou que tratava-se de um protesto pacífico, apenas para reivindicar por reajuste de salário mais justo. Mesmo com portões abertos, os trabalhadores decidiram permanecer de braços cruzados.
A empresa ainda tentou desmobilizar a categoria ligando para os celulares dos funcionários na tentativa de convencê-los a entrar e trabalhar.
Às 4h50min, com a chegada de mais ônibus, o movimento engrossou. E às 6h foi realizada assembleia para oficializar a greve.
Às 15h40min, uma nova assembleia ocorreu com a participação dos funcionários do segundo turno. Aos poucos, com a chegada dos ônibus, o movimento grevista foi tomando mais força. Um pequeno percentual optou por entrar na empresa e trabalhar. A grande maioria se juntou ao grupo do primeiro turno e decidiu em assembleia manter a greve por tempo indeterminado. “Vamos manter o movimento até sermos procurados pela empresa com um proposta descente”, disse o presidente do Stial.
Segundo dia, terça-feira
A pressão por parte da empresa e o descaso da Companhia Minuano em sequer marcar uma reunião de negociação só fortaleceram o movimento de greve. Na terça-feira (19), mais de 90% dos 1,7 mil trabalhadores cruzaram os braços por um reajuste digno de salário.
Entre as tentativas de desmobilizar os grevistas, a empresa enviou mensagem via celular dizendo que premiaria com kit de produtos àqueles que trabalharam na segunda-feira (18) – primeiro dia de paralisação – e com 50% sobre o dia trabalhado aos que cumprissem expediente na terça-feira (19). Também via celular, um supervisor enviou aos colaboradores uma espécie de folheto, com logotipo da empresa, anunciando vagas de emprego.
Para o presidente do Stial, Adão Gossmann, a tentativa de intimidação surtiu efeito contrário. ¨Mais trabalhadores aderiram ao movimento.¨
Terceiro dia, quarta-feira
Cerca de 1,4 mil trabalhadores da empresa Minuano decidiram na quarta-feira (20) à tarde manter o movimento grevista, iniciado na segunda-feira (18 de julho). Logo depois da assembleia, o grupo seguiu em caminhada pela Rua Carlos Spohr Filho até chegar à fábrica da BRF. O movimento foi em apoio aos funcionários da BRF, que também não chegaram a um acordo coletivo. E um convite, caso a negociação na avance, a integrarem a greve.
No dia seguinte (quinta-feira), representantes da BRF se encontrariam com dirigentes sindicais, em Marau, para discutir o reajuste. A proposta patronal eras a mesma da Minuano, 5,75% retroativos a maio e 0,5% em janeiro, diante de uma inflação de 9,83%. “Se não chegarmos a um acordo, a BRF vai parar”, disse um dirigente usando o carro de som.
No terceiro dia de greve, a Minuano usou outra estratégia para abafar o movimento. Colocou um potente equipamento de som no pátio da empresa de frente para o grupo de manifestantes. O que o presidente do Stial, Adão Gossmann, chamou de trio elétrico da Ivete Sangalo.
Mesmo com música extremamente alta, a categoria não esmoreceu, pelo contrário, gritou palavras de ordem e dançou em frente da fábrica segurando uma faixa: “Estamos em greve por reajuste digno”.
Com a mesma disposição, o grupo seguiu até a BRF, onde houve outro ato de protesto.
Quarto dia, quinta-feira
Mais de 90% dos trabalhadores da Companhia Minuano mantiveram a greve iniciada na segunda-feira. Na quinta-feira, Gossmann e o secretário Everaldo Santoni participaram de rodada de negociação com representantes patronais no frigorífico BRF, em Marau. “A BRF baliza a negociação da Minuano”, destacou Gossmann. Entretanto, pouco se avançou e não se chegou a nenhuma proposta que pudesse ser apresentada aos trabalhadores.
Para sexta-feira (22) estava marcada reunião com representantes da Minuano.
Quinto dia, sexta-feira
Em assembleia realizada na tarde de sexta-feira (22), em frente da empresa Minuano, os trabalhadores decidiram encerrar a greve e aceitar a proposta patronal de acordo coletivo.
Na sexta-feira pela manhã, dirigentes do Stial se reuniram com representantes da empresa a fim de buscar um acordo que fosse, pelo menos, razoável para categoria. Depois de horas de muita negociação, chegou-se a uma proposta - apresentada aos trabalhadores. “Foi muito difícil, chegamos ao máximo que conseguimos, e os trabalhadores é que vão decidir se aceitam ou se mantêm a greve”, disse o presidente do Stial Adão Gossmann, ao chegar em frente da empresa onde o grupo mantinha as manifestações.
Depois de explicar a proposta, Gossmann iniciou a votação. A maioria optou por aceitar o acordo coletivo e voltar ao trabalho.
Fonte: Assessoria de Imprensa Stial